quarta-feira, 14 de março de 2012

Proibido parar, estacionar! Não estacione nem por um minuto! Sujeito a guincho...

Há muito tempo atrás, bastava o motorista observar uma leve inclinação na calçada no mesmo limite de um portão para ele entender que ali certamente teria uma garagem e sendo assim, ele não poderia jamais estacionar. E mesmo que alguém estacionasse o carro em uma garagem, a gentileza, cortesia e camaradagem típica da época da inocência evitava qualquer conflito. Claro que existiam as exceções.

O que se viu nos últimos dez anos foi muita gente comprando seu veículo – carro ou moto – e mais gente ainda reservando uma parte da sua casa para guardá-lo. Isso é bom! Talvez seja sinal que o poder aquisitivo das pessoas melhorou. Mas as cidades ficaram entupidas de carros, motos, ônibus e toda a sorte de veículos indo, vindo e estacionando. Ou melhor, precisando estacionar.

A pressa e a falta educação nesse tão aclamado mundo moderno mudou as pessoas. Mudou e cegou! Muitos motoristas simplesmente não conseguem evitar de estacionar em uma garagem e muito menos enxergar e distinguir uma.

Assim, para evitar que a garagem seja barrada por algum mal educado o que se viu foi uma série de tentativas frustradas de avisar, alertar e até ameaçar o motorista desatento e imprudente. O nome “GARAGEM” no portão foi uma das primeiras. Logo resolveu-se pintar a placa de “PROIBIDO PARAR E ESTACIONAR” ou para ficar mais claro usar a própria mensagem e não o símbolo.

É uma garagem! Todos sabem que é proibido estacionar! Ah, mas alguns com a desculpa da pressa podem pensar: mas é só por um minutinho! Então, melhoraram o aviso: “NEM POR UM MINUTO!”

Para evitar de ter o seu carro impedido de sair, o dono de garagem logo precisou ser mais incisivo e em tom ameaçador complementou a frase para não estacionar com: “SUJEITO A GUINGHO!” Não adiantou!

Já e possível ver algumas calçadas de garagem pintadas com faixas amarelas e mesmo assim ainda existem motoristas bizonhos que estacionam.

A época da inocência acabou. O mundo mudou e não há mais aquela gentileza, cortesia e camaradagem pra lidar com esse assunto. Muitos já saíram até na porrada pra fazer o idiota de um motorista entender o óbvio. Nem secando os pneus do carro dele é uma garantia de que não vai mais acontecer. Pode arranhar o carro, deixar recado no para-brisa com xingamentos, quebrar o vidro, furar os bancos, jogar cocô de gato na trava da porta, ácido na pintura, juntar alguns amigos e virar o carro, explodir o carro com uma granada e não vai adiantar! O elemento vai fazer de novo.

Algumas coisas são tão óbvias que nem o mais ignorante dos ignorantes pode perceber. É só olhar a inclinação da calçada e o formato do portão!

terça-feira, 13 de março de 2012

Palavras são palavras e o que dá pra fazer sem elas?

As pessoas às vezes esperam demais por palavras, por frases, esperam ouvir algo. Algumas vezes lêem muito para depois tentar ensinar falando, seja repetindo ou recompondo o que leu em outra frases e palavras. Palavras são palavras e frases são composições estruturadas de palavras. Seja qual for o significado muitas vezes elas acabam por complicar a demonstração de um sentimento ou de um desejo e pulverizar as mais diversas interpretações.

Olhe bem para uma pessoa e preste bastante atenção no seu olhar, na forma que ela sorrir, abre a boca, mexe as sobrancelhas ou um simples aceno de mão e tente desvendar o significado. Sim, é possível retirar o necessário a partir de tudo isso e sem palavras. É possível compreender e concluir.

Para saciar a sede precisamos abrir a boca e para se movimentar de algum ponto para qualquer outro precisamos usar as pernas. Mas será se para fazer com que sejamos compreendidos precisamos necessariamente falar? Emitir sons em frequências audíveis?

Há um senso natural e intrínseco no ser humano que já o permite compreender e distinguir o certo do errado, o que deve ser feito do que não deve ser feito. Claro e evidente que o juízo e a decisão que pode ser tomada sobre uma determinada situação depende do nível de evolução de um indivíduo. Mas esse mesmo indivíduo pode aprender por observação e melhorar sua capacidade de discernimento. Sim, tudo isso é possível e sem palavras.

Aprender com exemplos, com a observação é mais fácil e mais produtivo do que com palavras. A expressão de um rosto pode comunicar o necessário. Apenas isso, o necessário e sem palavras.

Não teria a humanidade se concentrado exageradamente demais no ato de falar e ouvir para se comunicar? E assim ter desenvolvido e direcionado todo um aparato biológico do seu corpo para esse meio de comunicação? E se não tívessemos a boca para falar e o ouvido para ouvir - por simplificação apenas - seria possível algum outro meio de comunicação?

Talvez é justamente essa característica que nos deixa preso à nossa realidade. Talvez precisamos calar e parar de atentar às mensagens do ouvido e tentar estimular o nosso cêrebro para enviar, receber e assim aprender.

por Eloi S. Jr